HISTÓRICO
DO
COLETIVO
No ano de 2014 começou a nascer um anseio em nossos corações e este anseio se tornou um sonho. Um sonho de realizar uma nova proposta, uma construção coletiva, estruturada a partir de uma equipe majoritariamente negra que trabalhasse com arte e produção de cultura negra em Santa Maria/RS e região.
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“No ano de 2015 resolvemos levar a frente esta ideia e no dia 21 de março de 2015, – Dia Internacional Contra a Discriminação Racial - nasceu o coletivo de arte e cultura negra de Santa Maria: Ará Dudu, Korpo Negro!”
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No ano de 2015 resolvemos levar a frente esta idéia e no dia 21 de março de 2015, – Dia Internacional Contra a Discriminação Racial - nasceu o coletivo de arte e cultura negra de Santa Maria: Ará Dudu, Korpo Negro! E já nasceu forte e belo! Recebeu, como nome de batismo, Ará Dudu, que em yoruba quer dizer “corpo negro”e que corpo negro é esse? É o corpo que está na universidade, está fora da universidade, está nas ocupações urbanas, no Loteamento Cipriano da Rocha, na Santa Marta, na Gare, no Camobi, na Urlândia, está também fora de Santa Maria... Em vários e em todos os lugares.
Este anseio, agora sonho, partiu da observação de que existe uma produção artistico-cultural vasta e riquíssima e que as pessoas que protagonizam estas ações poderiam estar trabalhando em conjunto, viabilizado por uma estrutura de rede, onde a base seria o auxilio mútuo.
Ele é um dos elos de uma grande corrente. Ele entende que eu sou porque nós somos – Ubuntu! Ele não quer ser somente a “cereja do bolo”, ele quer estar em todo o processo produtivo do bolo e inclusive, pensar sobre ele! Quem é esse corpo negro? São músicos, atrizes, atores, designers de moda, dançarinos, artistas visuais, historiadores, produtores culturais e executivos, percussionistas, ativistas e militantes, artistas, artesãos, cientístas, intelectuais, educadores e promotores de cultura negra de uma forma geral. Com diploma, sem diploma ou em vias de obter um diploma... na sua esmagadora e preta maioria, negros e negras do/no Rio Grande do Sul!
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Mas, não negros também são bem vindos desde que sensíveis e sabedores de que estes espaços somente se constituem porque nele estamos, com o nosso legado cultural e histórico, a nossa forma de organização comunitária, a nossa ancestralidade, os nossos saberes e fazeres e que vamos caminhar juntos, mas cientes de que estamos aqui, respeitando a trajetória de cada um e de cada uma para construir, sobretudo, espaços de igualdade.
Onde ele está ou estará? Ará Dudu estará onde quiser estar! Em todos os lugares já citados, naqueles “proibidos” para o nosso corpo e espírito negro... Ele quer ser estudante da UFSM (Universidade Federal de Santa Maria), mas também quer estar na Reitoria, ocupando os espaços de poder, quer ser a menina cotista do banner, que fala de diversidade cultural e étnica, mas também almeja ser ministra (o) da educação, quer ser o indivíduo que atende ao chamado do Carnaval, mas também aquele que coordena e busca políticas públicas e incentivos o ano inteiro para o nosso povo, oportunizando espaços qualificados para mostrar o valor artístico das nossas construções, como a troca de saberes, identidade e afirmação, experiências e fazeres, conscientização e, acima de tudo, luta por espaços que congreguem a transversalidade da afirmação da negritude local e no Brasil! Axé! Ará Dudu veio para ficar!
“Quer ser o indivíduo que atende ao chamado do Carnaval, mas também aquele que coordena e busca políticas públicas e incentivos o ano inteiro para o nosso povo, oportunizando espaços qualificados para mostrar o valor artístico das nossas construções!”.
Isadora Bispo - produtora cultural e membro do Coletivo - foi a criadora do nome do Coletivo.
*Texto: Escrito por Marta Regina dos Santos Nunes, na ocasião da fundação do Coletivo Ará Dudu. Marta é Pós-doutora em Química, Produtora Cultural, militante do Movimento Negro, feminista negra e membro fundadora do nosso Ará. Foto: Julie Vescia, para editoral de moda da marca Criolando. Criolando/Reprodução.
